sábado, 4 de junho de 2016

O PRÍNCIPE



 Os latidos pela madrugada pareciam roncos de trovoada, a cor negra se perdia na escuridão, o brilho nos olhos reluzia como fogo na penumbra da luz fraca do poste próximo a calçada que levava para o Prédio dos Três Poderes.
  Amanhecia o dia, o Mestre sai para orientar a construção das obras do Retiro. O Príncipe ao vê-lo abana o rabo em forma de carinho.

O mestre diz: -“Este é o Príncipe”. O Príncipe o mira nos olhos e com olhar de tristeza se deita.  Os colaboradores próximos, alguns caravaneiros presenciam a sena.
_”Viu, você desvirtuou o alfabeto astrológico, agora é um cão e  vai ter que correr a hierarquia de animal irracional, fez por onde estar nesta condição, quem mandou?”
  A esposa  de um grande amigo meu que era responsável de uma caravana Racional aqui no RJ escuta e assiste tudo com os olhos céticos, não acredita em nada do que ouve e se indaga: _”Como pode um cachorro ter sido um príncipe?
  Os meses se passam e o Príncipe com seu grande porte, latido de trovão, quando corria poderia ao longe ser facilmente confundido a noite com outro animal.
  Na gráfica do Retiro existia o plantão noturno das mulheres caravaneiras que vinham de todo lugar do RJ no ônibus do retiro para colaborar na confecção dos livros. Passavam a noite costurando livros, dobrando papel, conversando e pela manhã iam para suas casas com ar de satisfeitas por terem cumprido mais um dever de solidariedade humana junto do Racional que na sua varanda  com os plantonistas e visitantes ia conversando assuntos Racionais.
  Em uma dessas colaborações a senhora citada acima que não acreditou no fato contado pelo Mestre sobre o Príncipe. Quando saía da gráfica o sol começando mostrar seus primeiros raios com a musicalidade do canto dos pássaros. Um homem alto, com roupa de nobre do tempo da monarquia, belo e com o peito parecendo estar cheio de medalhas e indumentária brilhante, toca-lhe o peito, olha bem dentro dos seus olhos. Ela se assusta e não sabe como aquele homem entrou no Retiro e quem era ele, depois de alguns longos segundos a imagem do homem belo, bem vestido, forte, começa a se transformar em um cão negro alto e com as patas dianteiras coladas no seu peito.
  A mulher sai correndo rumo a varanda a onde estava o Mestre, ela conta este fato e ele diz: _”Agora você acredita no que eu falei sobre o Príncipe?” Ela responde que sim. O Mestre manda que a mulher fizesse este relato no Jornal Racional que tinha todo domingo a noite no Retiro e tal fato centenas de pessoas ouviram a história do cachorro Príncipe que já tinha sido um príncipe no tempo da astrologia. 
Salve todos.
Ubirajara Pisão.

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