sábado, 4 de junho de 2016

O LEÃO FICOU BRAVO



  

  Acreditava, que para nossa sorte, o grande Mestre MJC gostava de animais.
No inicio dos anos 80, o Mestre tinha muitos animais: pássaros, cavalos, bois, vacas, patos,
galinhas, gansos, porcos, cachorros, carneiros, coelhos, jibóia, tartarugas, capivara, búfalos.
Além desses (espero ter listado todos), tinha também, chimpanzé, tigre, onças pintada, onça parda, onça negra, alguns leões.
  Um dia o mestre nos manda chamar próximo a sua residência no pátio do estacionamento a onde ficava alguns desses animais; alguns já adultos e presos em uma grande corrente individual, onça parda, onça negra e um leão, outros em jaula grande. E ao lado de sua residência, lá estava o Mestre com seu olhar sereno e penetrante, em silêncio. Proferiu poucas palavras, nos mandando pegar aqueles animais, os que estavam presos nas correntes e colocá-los em uma jaula pequena para transportá-los de caminhão para um sitio anexo a fazenda no alto da serra.
  Eu e mais oito homens (todos jovens) aproximadamente, não tivemos dificuldades para colocar a maioria dos animais dentro das pequenas jaulas e subi-los na carroceria do caminhão, exceto  um leão jovem e adulto que se recusava a entrar dentro da jaula.
Para o nosso espanto, aquele animal dócil, que estava acostumado a brincar conosco e com os visitantes, a passear no retiro com o seu tratador, sendo observado de forma curiosa por aqueles que não estavam acostumados com animais de grande porte.
  Aquele leão manso ficou bravo, virou uma fera, começou a rosnar alto, a se debater e querer se soltar de uma corrente grande e ir em direção a rua, e começou a arrastar literalmente os oito homens saudáveis e fortes. A corrente de ferro parecia que rasgava nossas mãos, as mãos estavam quentes e nossos calçados eram rasgados. O leão nos puxava com estrema facilidade e nos íamos sendo arrastados, alguns começaram a cair no chão, outros soltaram a corrente, e assim foi um a um, eu fui o último a soltar a corrente, pos achei que as minhas mãos estavam sendo arrancadas e para minha surpresa o Mestre estava ao meu lado, a corrente começou a deslizar na frente de seus pés, e o leão com ar de vitória ia na direção da frente do retiro assustado com toda aquela sena. O Mestre com um gesto inesperado e até um certo ponto assustador, devido a sua idade material, ele simplesmente colou um dos pés em cima da corrente. Eu achei que o Mestre ia cair com a força do leão, me preparei para segurá-lo, fiquei de braços abertos esperando o leão jogá-lo no chão. A corrente estava embaixo de seu sapato, me abaixei para ver  mais de perto, pos não acreditara no que via, me abaixei mais ainda até o chão para olhar bem, olhei para cima, e lá estava o olhar sereno, fisionomia abstrata, olhando fixo para o leão que ficou parado, sabendo que não podia derrubar aquele homem, pos quem segurava agora a corrente, não era simples humanos e sim alguém que conversava com ele. De maneira silenciosa, sem voz, o Mestre dizia que poderia entrar na jaula que ia ficar tudo bem. O ar de silêncio tomou conta do lugar, o leão parado estava, parado ficou, todos viam e ao mesmo tempo, ficaram espantados. No interior de cada um e naquela atmosfera de paz, o Mestre tirou o pé de cima da corrente e uma voz suave, cheia de ternura, parecia que vinha do espaço: “_Fulano, você sozinho pode levar ele que agora ele vai sem problemas para a jaula”, assim foi o animal ficou calmo, e entrou na jaula manso como um cordeiro. 
Salve todos.
Ubirajara Pisão

Nenhum comentário:

Postar um comentário