sábado, 4 de junho de 2016

ATÉ CAVALO TEM DIPLOMA



  
A varanda reluzia como cristal, seus janelões de vidros passavam a luz do amarelo majestoso, a melodia dos curiós em sintonia com os sabiás que orquestravam com o verde da montanha soberana que um dia ardia incandescente de um vulcão, teve que ceder o lugar para a mais pura das energias.


  As manhãs, as tardes, as noites, lá estavam sempre pessoas querendo resolver os seus problemas, às vezes físicos, financeiros, familiares, diversos deles. E o Mestre MJC sempre com sua paciência e infinita bondade, sabedoria superior, atendia a todos e resolvida tudo.
  Lá no retiro Racional, um lugar sem qualificações materiais, com seu Marco do Terceiro Milênio erguido aos olhares de uma natureza mãe que sofre em ver seus filhos desobedientes.
  Além de pessoas que ali iam para pedir pessoalmente ao Mestre que as ajudassem a resolver seus problemas, também lá estavam: Cientistas, religiosos, políticos, pesquisadores de outros países, pessoas de todas as idades e de todos os tipos e também os céticos e curiosos, aqueles que não acreditavam em uma palavra do que ouviam do Homem do Outro Mundo.
 Em sua varanda, lá estava o Mestre, admirando a paisagem, distribuindo ordens para os residentes, orientando todos. Ao lado da varanda, um estacionamento grande, chegou um carro, desceram alguns estudantes e com eles um homem muito letrado, orgulhoso e vaidoso com tantos diplomas de nível superior. Recebeu todos com muita educação, mandou servir cafezinho para todo mundo e começou a prosa. Todos falavam e o único a ouvir e não falar quase nada era o homem que tinha muitos diplomas, ele não falava com a boca, mas pensava, falava o tempo todo com o pensamento e seus pensamentos diziam que não acreditava em uma só palavra do que estava ouvindo, ele dizia pensando: “eu que estudei tanto, fiz tantas pesquisas e não cheguei a nenhuma conclusão da origem da humanidade: de onde viemos e para onde vamos, como é que este homem que não estudou nada pode saber de tudo isso, as palavras dele só teriam valor para mim se ele me apresentasse pelo menos um diploma e ele não tem nada”.
  Mal sabia ele que o Mestre ouvia literalmente os pensamentos de todos. Logo após aqueles pensamentos do pesquisador, o Mestre se levantou, o chamou para entrar em sua residência e nas paredes, mostrou muitos diplomas dos cavalos Manga Larga que o mestre criava e que eram ganhadores de diversos prêmios brasileiros. Lá na parede estavam todos os valorosos diplomas assinados por organizações respeitáveis de criadores brasileiros. O Mestre andava para um lado e para o outro mostrando os mesmos diplomas para o homem e isso demorou um bom tempo, o homem sem entender muito de cavalos olhava já cansado para os mesmos diplomas e o Mestre falando as mesmas coisas dos cavalos: “Este diploma aqui é do cavalo tal, este outro aqui é do cavalo tal” e assim foi até que o cidadão olhou para ele e refletiu os pensamentos: “Eu estou tão orgulho de meus diplomas e estes cavalos todos, também tem, até cavalo tem diploma e eu aqui cheio de vaidades e desrespeitando este homem com meus pensamentos”. Quando estes pensamentos acabaram de ecoar, o Mestre o chamou para voltar para a varanda, mandou servir mais cafezinho para todos e a prosa desta vez continuou sem a interrupção dos pensamentos céticos do diplomado que narrou tudo depois para os amigos.
 Salve Todos.
Ubirajara Pisão

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